Imagem: www.brasilescola.com
Em março de 2011, o vazamento nos reatores da usina de Fukushima, no Japão, chamou novamente a atenção do mundo para o problema da energia nuclear. As cenas na televisão mais pareciam as de um daqueles filmes apocalípticos, mas a realidade era dura mesmo, comparável com a ficção de um roteiro original: um terremoto seguido de um tsunami causaram juntos toda aquela paisagem de destruição. Avistava-se de longe, pelas câmeras das agências de notícias, uma densa fumaça radioativa, danosa para qualquer forma de vida. Esse acidente nuclear foi mais uma difícil prova da força da natureza, agravada pela ação do homem, que não domesticou a energia atômica, como o fez com o fogo há milênios.
Enquanto a mídia internacional noticiava e espetacularizava essa catástrofe natural e atômica, os chefes de Estado na Europa e na Ásia traçavam planos emergenciais para a revisão das suas matrizes energéticas. A população ao redor do planeta se afinava ao coro de protesto dos ambientalistas contra o enriquecimento de urânio radioativo e a favor das energias renováveis. Vinte e cinco anos após o desastre de Chernobyl, a diplomacia e a opinião pública mundial se viam novamente falando dos perigos da energia nuclear. Entretanto, no Brasil, apesar da numerosa comunidade de descendentes de japoneses, os governantes pouco se manifestaram e até mantiveram o projeto de construção da usina Angra III, ao mesmo tempo em que em todo o mundo outras usinas nucleares estavam sendo desativadas.
O projeto brasileiro de energia nuclear tem raízes no tempo da ditadura militar, no mesmo contexto das crises do petróleo da década de 1970. Naquele momento, investir no Pró-álcool e na produção do etanol era uma boa saída para um combustível renovável, em um país que, desde o período colonial, tivera na cultura da cana-de-açúcar uma importante atividade econômica. Por outro lado, incluir a energia nuclear na matriz energética era um capricho, como se o País quisesse copiar os países desenvolvidos e se afirmar no contexto geopolítico da Guerra Fria. Os generais ditadores, cegos pelo suposto “milagre brasileiro”, não pensaram a longo prazo e começaram a enriquecer urânio, em um país já tão rico em recursos naturais e em potenciais de geração de energia.
Era a época de Itaipu, da maior hidrelétrica do mundo, do delírio de construir a rodovia Transamazônica, e as duas usinas de Angra dos Reis entraram no mesmo pacote de obras para a “soberania” e a “integração nacional”. Não houve ponderação sobre os riscos da energia nuclear, esse fenômeno físico que tanto fascina o homem, mas decepcionou Albert Einstein quando viu a cruel aplicação das pesquisas dele na Segunda Guerra Mundial, no extermínio instantâneo de 200 mil pessoas nas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Como uma fonte de energia com esse histórico pode ter fins pacíficos?
É de Einstein a célebre frase de que vivemos em uma época em que é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito. Por isso, é fundamental discutir os impactos ambientais da energia nuclear e questionar o modelo de desenvolvimento que está posto, principalmente em termos energéticos. Precisamos considerar criticamente os custos e o risco do armazenamento ad eternum dos resíduos nucleares, e de como há um desequilíbrio ecológico em toda a cadeia produtiva desde a extração dos minérios radioativos até o constante perigo de contaminação do meio ambiente.
As autoridades brasileiras precisam aprender a lição com a história dos desastres nucleares, episódios que marcam essa falta de controle e de previsibilidade desse tipo de energia. Avaliando a dimensão trágica desses eventos, é que se pode orientar as políticas públicas para a diversificação das fontes de energia. Para que dependamos cada vez menos de energias insustentáveis como os combustíveis fósseis, o petróleo e o carvão, para buscarmos a combinação da energia renovável da água, das marés, dos raios ensolarados e dos bons ventos que sopram com fôlego no litoral brasileiro.
Marco Leonel Fukuda
Músico e estudante de Jornalismo
quarta-feira, 25 de abril de 2012
sábado, 21 de abril de 2012
Sons de Cinema
Sons de Cinema é um programa radiofônico produzido por Raiana Carvalho e Marco Leonel Fukuda para a programação especial de final de ano da Rádio Universitária FM, da Universidade Federal do Ceará (UFC). É uma série de quatro programas, veiculados em dezembro de 2011 na Universitária FM, com entrevistas com profissionais da área de som no cinema.
Na série, são discutidos os conceitos de som, de trilha sonora, de som direto, de desenho sonoro (sound design), de produção sonora (captação, edição e mixagem) para cinema e audiovisual, de composição de trilhas musicais, de músicas com função dramática e canções originais para filmes. Ao longo das entrevistas, há momentos de inserção de sons que ilustram as discussões sobre essa temática em que as mídias rádio e cinema dialogam pela via do som.
São quatro pontos de vista distintos para a integralidade da série Sons de Cinema: uma professora universitária e pesquisadora do som no cinema, um músico e compositor de trilhas sonoras para cinema, dois técnicos de som direto e um cineasta e diretor de filmes. Esses quatro personagens entrevistados nos ensinam a "audiover" os filmes, a apreciar os elementos sonoros do cinema, e a ampliar o conceito de som nas produções cinematográficas.
Entrevista com a professora Shirley Martins (Cinema e Audiovisual-UFC):
Entrevista com o músico e compositor Fernando Moura (RJ):
Entrevista com os técnicos de captação de som direto Marco Rudolf e Danilo de Carvalho (CE):
Entrevista com o diretor e cineasta Joe Pimentel (CE):
Marco Leonel Fukuda
Músico e estudante de Jornalismo
Foto: www.meyersound.com
O artista empreendedor autônomo
Reportagem sobre o empreendedorismo nas artes, na cultura, na economia criativa, por meio do cadastro de artistas como microempreendedores individuais (MEI).
Trabalho orientado pelo professor Agostinho Gósson, na disciplina de Jornalismo Impresso 1, do 4º semestre do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) - semestre 2011.2.
Clique na página para visualizar o texto pelo zoom aproximado. A passagem de páginas se dá pela setas laterais. O texto da reportagem "O artista empreendedor autônomo" está hospedado no site www.issuu.com, por upload gratuito de arquivos.
Marco Leonel Fukuda
Músico e estudante de Jornalismo
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Músico e estudante de Jornalismo
segunda-feira, 16 de abril de 2012
A mobilidade é uma Fortaleza da nossa cidade?
Fonte: www.behance.net
Não é à toa que este artigo começa com uma interrogação no título. As perguntas que fazemos e nos fazemos são importantes para nos colocar no mundo, e para assumirmos também uma postura crítica e reflexiva diante da nossa realidade. Quando nos situamos em Fortaleza, questionamos se a cidade está madura no aspecto da mobilidade urbana. A capital cearense é acolhedora, hospitaleira em relação aos turistas; mas será que, além dos visitantes, os moradores têm no dia a dia as mesmas facilidades de se deslocarem pela cidade? O ir e vir não deveria ser um direito assegurado igualmente a todos, aos forasteiros e aos residentes de uma mesma cidade, como diz a Constituição Federal de 1988?
A discussão sobre mobilidade urbana em Fortaleza se intensificou recentemente desde que a cidade foi escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. É como se o futebol, paixão nacional, pudesse reacender um debate que estava adormecido. Essa tal mobilidade urbana é, na verdade, um detalhe de algo maior que é o planejamento urbano, a própria estruturação da cidade. É observar como a cidade é preparada para que os cidadãos tenham uma livre circulação nos trajetos cotidianos. A reflexão sobre esse assunto não se esgota na quantidade de vias, avenidas, ruas, viadutos, mas também alcança a questão das opções de transporte à disposição do fortalezense.
É um engano cometido por muitos políticos acreditar que a mobilidade urbana se resume apenas a obras de duplicação de rodovias, de viadutos majestosos, de asfaltamento de ruas e tapa-buracos. São casos de gestões públicas “inauguristas”, “obreiras”, que não enxergam de forma profunda as dificuldades diárias de se atravessar a cidade para ir ao trabalho e para os demais compromissos das nossas rotinas. Antes de continuar, devemos perceber que a mobilidade urbana precisa, sim, de obras e de investimentos, os quais sejam integrados com uma visão política cidadã, que pensa em transporte público eficiente e em qualidade de vida.
Fortaleza, como quinta capital brasileira e metrópole emergente no Nordeste, enfrenta essas questões da atualidade, recorrentes a todas as cidades que têm se urbanizado sem controle e com pouco ou inexistente planejamento. A cidade já não suporta a volumosa e crescente frota de veículos automotores particulares, que paralisam diariamente o trânsito e assim geram estresse na população. É possível que, em pouco tempo, se esse quadro se mantiver, tenhamos de ter rodízio de placas de carros em Fortaleza, seguindo o caótico exemplo de São Paulo.
O transporte coletivo, por outro lado, está defasado. O Metrô já virou lenda urbana, motivo de descrédito de consecutivas gestões governamentais, mesmo com a alternância democrática do poder. A tônica dos ônibus é em torno do preço da passagem, da meia passagem estudantil. Não que não sejam conquistas fundamentais dos fortalezenses, mas é preciso avançar na ampliação dos terminais de ônibus, na expansão da cobertura das linhas, no conforto para os usuários desse transporte e na reorganização de uma engenharia de trânsito mais condizente com a nossa realidade.
O que Fortaleza necessita é um conjunto de soluções urbanísticas e ambientais comuns a várias cidades que se modernizam (ou sonham com isso) neste início de século XXI. O transporte coletivo como prioridade é uma proposta viável para um modelo de desenvolvimento sustentável e para o aprimoramento da mobilidade urbana. A sociedade precisa se posicionar perante o poder público, para não aceitar medidas paliativas, reformas apressadas para “maquiar” a cidade e preparar a “vitrine” para 2014. E para que não tenhamos de esperar sempre por eventos internacionais como ocasiões ou desculpas para cuidar de fato da nossa cidade.
Marco Leonel Fukuda
Músico e estudante de Jornalismo
Não é à toa que este artigo começa com uma interrogação no título. As perguntas que fazemos e nos fazemos são importantes para nos colocar no mundo, e para assumirmos também uma postura crítica e reflexiva diante da nossa realidade. Quando nos situamos em Fortaleza, questionamos se a cidade está madura no aspecto da mobilidade urbana. A capital cearense é acolhedora, hospitaleira em relação aos turistas; mas será que, além dos visitantes, os moradores têm no dia a dia as mesmas facilidades de se deslocarem pela cidade? O ir e vir não deveria ser um direito assegurado igualmente a todos, aos forasteiros e aos residentes de uma mesma cidade, como diz a Constituição Federal de 1988?
A discussão sobre mobilidade urbana em Fortaleza se intensificou recentemente desde que a cidade foi escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. É como se o futebol, paixão nacional, pudesse reacender um debate que estava adormecido. Essa tal mobilidade urbana é, na verdade, um detalhe de algo maior que é o planejamento urbano, a própria estruturação da cidade. É observar como a cidade é preparada para que os cidadãos tenham uma livre circulação nos trajetos cotidianos. A reflexão sobre esse assunto não se esgota na quantidade de vias, avenidas, ruas, viadutos, mas também alcança a questão das opções de transporte à disposição do fortalezense.
É um engano cometido por muitos políticos acreditar que a mobilidade urbana se resume apenas a obras de duplicação de rodovias, de viadutos majestosos, de asfaltamento de ruas e tapa-buracos. São casos de gestões públicas “inauguristas”, “obreiras”, que não enxergam de forma profunda as dificuldades diárias de se atravessar a cidade para ir ao trabalho e para os demais compromissos das nossas rotinas. Antes de continuar, devemos perceber que a mobilidade urbana precisa, sim, de obras e de investimentos, os quais sejam integrados com uma visão política cidadã, que pensa em transporte público eficiente e em qualidade de vida.
Fortaleza, como quinta capital brasileira e metrópole emergente no Nordeste, enfrenta essas questões da atualidade, recorrentes a todas as cidades que têm se urbanizado sem controle e com pouco ou inexistente planejamento. A cidade já não suporta a volumosa e crescente frota de veículos automotores particulares, que paralisam diariamente o trânsito e assim geram estresse na população. É possível que, em pouco tempo, se esse quadro se mantiver, tenhamos de ter rodízio de placas de carros em Fortaleza, seguindo o caótico exemplo de São Paulo.
O transporte coletivo, por outro lado, está defasado. O Metrô já virou lenda urbana, motivo de descrédito de consecutivas gestões governamentais, mesmo com a alternância democrática do poder. A tônica dos ônibus é em torno do preço da passagem, da meia passagem estudantil. Não que não sejam conquistas fundamentais dos fortalezenses, mas é preciso avançar na ampliação dos terminais de ônibus, na expansão da cobertura das linhas, no conforto para os usuários desse transporte e na reorganização de uma engenharia de trânsito mais condizente com a nossa realidade.
O que Fortaleza necessita é um conjunto de soluções urbanísticas e ambientais comuns a várias cidades que se modernizam (ou sonham com isso) neste início de século XXI. O transporte coletivo como prioridade é uma proposta viável para um modelo de desenvolvimento sustentável e para o aprimoramento da mobilidade urbana. A sociedade precisa se posicionar perante o poder público, para não aceitar medidas paliativas, reformas apressadas para “maquiar” a cidade e preparar a “vitrine” para 2014. E para que não tenhamos de esperar sempre por eventos internacionais como ocasiões ou desculpas para cuidar de fato da nossa cidade.
Marco Leonel Fukuda
Músico e estudante de Jornalismo
domingo, 15 de abril de 2012
Recomeçando o projeto de blog em 2012
Fonte: www.legalhistoryblog.blogspot.com
Aos leitores-internautas do blog Cultura Ciliar, somente agora em abril retomamos a publicação das postagens. Com alegria, celebramos 38 leitores-internautas cadastrados e mais de 40 mil visualizações do conteúdo do blog. Apesar do tempo corrido, da rotina estressante, escrever nessa viva blogosfera é sempre um bom exercício e uma atividade de interesse. O desafio é sempre a periodicidade, a organização pessoal do blogueiro para continuar o projeto.
Lançamos em janeiro deste ano um novo layout. O design é de autoria de Lia Freitas, que tornou no aspecto visual o Cultura Ciliar mais leve, claro, dinâmico e legível, sobretudo. Conheçam o trabalho da Lia também no seu blog Sonhos Lúcidos.
Para retomar as atividades em 2012, 3º ano de existência do Cultura Ciliar, separamos dez destaques da produção blogueira de 2011, em um universo de 51 postagens.
1. Gastronomia - Restaurante Dona Chica - resenha
2. A Paisagem Monumental de Burle Marx em Fortaleza - resenha da exposição de Roberto Burle Marx no Espaço Cultural UNIFOR.
3. Meio Ambiente - Passeio no Parque Estadual do Rio Cocó (Parque do Cocó - Fortaleza/CE)
4. Planetário Rubens de Azevedo (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura - Fortaleza/CE)
5. Sobre o que escrever num blog
6. Borandá Brasil, convida o Coral da UFC - resenha do espetáculo cênico musical do Coral da Universidade Federal do Ceará
7. Cobertura Fotojornalística - O Cotidiano das Feiras de Fortaleza - multimídia - texto, fotos e áudio.
8. Música, Artes Visuais e Meio Ambiente - ilustrando a música
9. Agosto 2011 - Discoteca Básica do site A Preço de Banana, Vídeos de narrativas do tempo e Troco pra 22 / Curta-metragem do Cariri
10. Banaína, a nova bebida da cultura cearense (suco de banana de Pacajus)
Marco Leonel Fukuda
Músico e estudante de Jornalismo
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