quarta-feira, 13 de junho de 2012

BUSTV: informação e entretenimento no transporte coletivo

"BUSTV: A tênue fronteira entre informação e entretenimento no transporte coletivo" é um artigo acadêmico escrito por Criselides Lima, Marco Leonel Fukuda e Rosana Reis, estudantes do curso de Comunicação Social / Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC). O artigo aborda o surgimento da BUSTV e a inserção da emissora nas linhas de transporte coletivo dos grandes centros urbanos no Brasil. A análise proposta do conteúdo da BUSTV relaciona novas tecnologias, mídias locativas, televisão, internet.
 
O texto foi aceito para ser apresentado no XIV Intercom Nordeste (Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - etapa regional) entre os dias 14 e 16 de junho de 2012, em Recife - PE. O trabalho será apresentado no setor de Comunicação Audiovisual do Intercom Júnior (para estudantes de graduação).
Leia o artigo na íntegra, disponível abaixo, na plataforma Issuu.



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Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Contos de cantador e literato


A Noite dos Manequins é um livro de contos escrito pelo cantor e compositor cearense Eugênio Leandro que marca um novo encontro do músico com a arte literária. A obra, publicada em 2011 pela Expressão Gráfica Editora, recebeu o Prêmio Moreira Campos de Literatura na categoria contos da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE). A coletânea de 18 contos dá seguimento à produtiva carreira artística de Eugênio, que alcança prosa, poesia, canção, música, boas e arejadas histórias para contar e cantar.

Eugênio Leandro nasceu em 1958 em Fortaleza e cresceu em Limoeiro do Norte, interior cearense, terra natal dos pais. A ampla formação cultural que teve na região do Rio Jaguaribe o acompanhou até a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), de 1979 a 1983, quando fez parte de movimentos como Siriará, Nação Cariri e a revista Pássaro. Os interesses pela música e pela literatura sempre coexistiram e dialogaram na trajetória de vida de Eugênio Leandro.

Desde a década de 1980, ele lançou cinco títulos musicais: Além das Frentes (LP, 1986), Catavento (LP, 1990), A cor mais bonita (CD, 1995), Castelo Encantado (CD, 2001) e À hora dos magos (CD, 2007, instrumental). Simultaneamente, publicou os livros Rei Piau (1985), a biografia Cego Oliveira (2002), o infantil O Livro Passarinho (2004), o libreto de ópera O Garatuja (2006), baseado no romance de José de Alencar musicado por Ernst Mahle, e o cordel A História de Uma Pastora de sons Lily Alcalay (2010, Prêmio Mais Cultura/MinC).

A água e a paisagem sertaneja são presenças constantes e elementos imprescindíveis para se compreender as narrativas lítero-musicais de Eugênio. Águas de Romanza é a emocionante história da pequena Romanza, uma menina de sete anos que vive no sertão e sonha em conhecer a chuva. Salmatina, a mãe adotiva, tem idade avançada e recebe a ajuda do caixeiro-viajante Percival para realizar o desejo da garota. O conto transcendeu as páginas impressas e foi adaptado para o cinema em um curta-metragem dirigido por Gláucia Soares e Patrícia Baía. O filme foi lançado em 2002 e premiado em diversos festivais no Brasil e no exterior.

A Noite dos Manequins
é o único conto ambientado em Fortaleza, apresentando a rotina de dois mendigos que transitam por ruas e lojas do centro da cidade. Nos contos Degas e Diligência, há rápidas referências à capital cearense. No primeiro, um bêbado vai ser tratado em um hospital da região metropolitana, morre e o corpo volta para ser identificado no meio da feira, causando um reboliço na pequena localidade. Na segunda história, um delegado trabalha no interior, mas tem a cabeça e o coração voltados para a distante Fortaleza, onde vive a amada Izabele.

Os demais contos são narrados a partir de cenários rurais, em lugares pitorescos e bucólicos. Na leitura, somos transportados para uma atmosfera campestre, com sons e cheiros das férias em família longe dos agitados centros urbanos. Sentimos o gosto açucarado dos doces caseiros em Por um pingo de groselha, e solidarizamos com Vicenta, que espera iludida pela volta do seu marido, o cantador Juvêncio, no conto O Mar é Grande, Vicenta!. Em Atire, Josiel, atire!, o protagonista Josiel tem como companheiro de caça um fiel cão, e o leitor logo lembra de Patativa de Assaré, quando o poeta-pássaro, em versos de cordel, fala da parceria entre Abílio e o cachorro Jupi.

O que não coube em estrofes e refrões de música, Eugênio Leandro traz para a escrita em prosa. É um passeio corajoso pelas linguagens artísticas da música e da literatura, uma tarefa que não é fácil, que exige bastante dedicação e talento. Em Eugênio, percebemos que as duas artes são dimensões complementares dos atos de escrever e de criar. Os traços da pena se encontram com as vibrações do canto. Como músico e escritor, nas melodias, nas palavras, nos sons e nas letras, Eugênio Leandro consegue com lirismo e beleza expressar sentimentos e contar histórias.

Serviço
Livro A Noite dos Manequins
Coletânea de contos
Eugênio Leandro
144 páginas / R$ 25,00
Pedidos: e.leandro@yahoo.com.br

Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador

domingo, 3 de junho de 2012

Gracias a la Violeta


A abertura da 22ª edição do Cine Ceará (Festival Ibero-Americano de Cinema) aconteceu na noite da última sexta-feira, 1º de junho de 2012, no Theatro José de Alencar em Fortaleza. O evento escolheu como tema "As lutas sociais na América Latina" para nortear a programação de mostras competitivas de curtas, médias e longas metragens, seminários de audiovisual e oficinas até a sexta-feira seguinte, dia 8 de junho. O homenageado da noite foi o ator pernambucano Marco Nanini pela bem-sucedida carreira no teatro, no cinema e na televisão. Logo em seguida, houve a premiação da turma de jovens realizadores de cinema de animação do Cine Coelce (Companhia Energética do Ceará), uma das patrocinadoras do festival. Para brindar a festa, foi exibido o magnífico filme "Violeta foi para o céu" (Violeta se fue a los cielos, Chile, 2011).

O filme, dirigido pelo cineasta chileno Andrés Wood, estreou no Brasil nessa sessão realizada na abertura do XXII Cine Ceará. O diretor, presente na cerimônia de abertura do festival, declarou que o filme era uma tentativa de retratar a vida interior e a obra da poetisa, cantora e compositora chilena Violeta Parra (1917-1967). A cinebiografia foi adaptada do livro homônimo escrito por Ángel Parra, filho da grande artista chilena, que, ao lado de intelectuais como Pablo Neruda e Isabel Allende, apresentou com orgulho e dignidade a rica cultura do Chile para o mundo.


Além da história emocionante de Violeta Parra, o palco principal do centenário Theatro José de Alencar emoldurando a tela de projeção cinematográfica foi um espetáculo à parte. Abertas as cortinas do teatro, desligadas todas as luzes, fomos todos transportados para o Chile de meados do século XX. Vivenciamos ao lado da protagonista Violeta - interpretada pela atriz também chilena Francisca Gavilán - a dor da separação de dois casamentos frustrados, da morte de uma filha pequena, a luta pela afirmação da arte e da cultura popular, folclórica latino-americana, ousemos dizer. Ela viaja até Paris para apresentar no Louvre obras de pintura, tapeçaria, escultura de tendências naïf. Na bagagem, também foram músicas de Parra, que passaram a tocar em várias rádios estrangeiras.

Como a vida da própria Violeta, o filme é entremeado por músicas belíssimas, que emocionam por falar da natureza, das paisagens chilenas e dos sentimentos humanos. A película apresenta uma musicalidade magistral do porte da Cordilheira dos Andes e ampla como o Deserto do Atacama. A voz de Violeta vem da profundidade da alma, reverbera pelas montanhas e planícies do nosso continente, combinada com o toque rústico e firme do violão, do tambor e do charango.

"Gracias a la vida", um dos maiores sucessos da compositora, que conhecemos pelas interpretações das fantásticas Elis Regina (1945-1982) e Mercedes Sosa (1935-2009), só toca nos créditos finais. Os espectadores têm a oportunidade de conhecer outras obras-primas de Violeta Parra, e se encantarem com passagens da vida dessa artista versátil, criativa, sentimental e impulsiva. Violeta é uma parreira fértil, ostra de muitas pérolas, canções feitas "em um sentir profundo", "em instante fecundo", como diz a letra de Volver a los 17 (vídeo abaixo)


A seguir, o trailer do filme "Violeta se foi para o céu" (2011), dirigido por Andrés Wood:



Leia mais
Fundación Violeta Parra - www.violetaparra.cl
Mercedes Sosa - Gracias a la vida
Mercedes Sosa e Milton Nascimento - Volver a los 17


Marco Leonel Fukuda
Músico e estudante de Jornalismo