terça-feira, 10 de setembro de 2013

Paisagens Manauaras

Um dos igarapés, canais formados pelo Rio Negro,
após o conhecido passeio do Encontro das Águas,
que parte diariamente do Porto Flutuante de Manaus.


Manaus se encontra rodeada pela exuberante floresta Amazônica, e banhada pelo Rio Negro, um dos principais afluentes do Rio Amazonas. A capital amazonense apresenta belas paisagens naturais e construções arquitetônicas com influência da Belle Époque francesa, na passagem do século XIX para o século XX, quando foi uma das cidades mais prósperas do Brasil durante o ciclo econômico da borracha. Na cidade manauara percebemos o encontro entre natureza e cultura, toda a biodiversidade de fauna e flora convivendo com a diversidade cultural humana, dos povos que habitam a Amazônia e dela sobrevivem com atividades de extrativismo, como as populações ribeirinhas, as mais de 200 etnias indígenas da Amazônia Continental, os castanheiros e seringueiros.

Andar a pé por Manaus ou de barco no rio Negro é uma experiência antropológica, por entrarmos em contato com outros referenciais de estilos de vida, de hábitos alimentares e de cultura propriamente dita. E no aspecto gastronômico, o paladar também se admira com os pratos distintos da culinária local, a começar por frutas como cupuaçu, umbu, o coco cozido da pupunha, o buriti, o tucumã, o abiu, a graviola, o açaí, o taperebá (cajá no Nordeste); alguns mais conhecidos por serem exportados para outros lugares, enquanto a maioria dessas frutas permanece no coração da selva, ou nas barracas de feiras dessas cidades amazônicas ,para serem descobertas pelos viajantes, e pelos próprios brasileiros. Provamos e aprovamos o tacacá, um caldo indígena feita do caldo amarelo e fermentado da tapioca, o tucupi, (extraído ao se espremer a mandioca no cesto vertical de palha, o tipiti), a goma da mandioca líquida, camarões secos e a folha picante e anestésica do jambu. Os peixes de rio também são um deleite à parte, como a saborosa costela de tambaqui e o filé carnudo do pirarucu.  

A seguir, fotos de paisagens naturais e humanas, desde reservas ecológicas, o mercado local e outros pontos turísticos que demonstram as riquezas da região Norte do Brasil, na perspectiva de uma de suas principais metrópoles.


Mirante da Lagoa do Parque Ecológico do Janauari, uma das lagoas
formadas pelo Rio Negro. Nesse local, é possível vermos
as vitórias-régias e populações de macacos. Os troncos das árvores têm
 marcas d'água e são testemunhas do período anual de cheias do rio.

Seringueira com as cicatrizes do corte para a
extração do látex para a produção de borracha.
Parque Ecológico do Janauari.


Canal ao lado do Mercado Municipal de Manaus, em reforma até outubro
deste ano. Por essa entrada chegam todos os dias carregamentos de peixes
amazônicos saborosos para a população manauara. Mas para frente,
na orla do rio Negro, há o Mercado de Peixe da Panair, companhia
aérea cujos hidroaviões pousavam no início do século XX no rio, quando
a cidade ainda não possuía aeroporto nem pista de pouso.



Feirantes da Feira Moderna de Manaus, que descascam e vendem a polpa
do tucumã, tradicional fruta amazônica que é um dos principais
ingredientes do x-caboquinho, um sanduíche com pão prensado na chapa,
queijo coalho, tucumã e banana, uma delícia do café-da-manhã manauara.
O tucumã tem  um sabor curioso de mexerica desidratada e defumada
e broto de feijão (moyashi), e dessa fruta também se faz sorvete. 
Farinhas para todos os gostos, todas feitas da mandioca, matéria-prima
e alimento fundamental da região Norte. Farinha d'água, puba, uarini,
branca, de tapioca, que variam em texturas, sabores, pedaços crocantes,
e são utilizadas como acompanhamento de pratos de peixes, açaí, entre
outros pratos da culinária regional nortista.




Grãos de guaraná in natura, outra fruta amazônica conhecida
 por suas propriedades energéticas. Segundo a lenda da etnia Sateré-Mawé,
 o guaraná surgiu quando um deus mau e invejoso matou um
dos meninos mais belos e amados de uma tribo.
Tupã, o deus bom, sugeriu que se enterrasse o corpo do jovem,
 retirando-se os olhos. Do  túmulo do menino nasceu uma planta,
 que quando floresce e dá frutos lembra olhos humanos.


Longas vagens de feijão-de-metro e uma grande
variedade de pimentas se destacam nesse box da
Feira Moderna de Manaus.

A banana pacovan (ou banana-da-terra, para
os amazonenses) é uma das atrações da Feira
da Banana, logo atrás da Feira Moderna de Manaus.
Como tudo que vem da Amazônia, impressionam
a fartura e o tamanho dos alimentos.
Ainda verdes, podem ser fritas (banana chips)
ou podem ser utilizadas para doces e compotas.
Ouriço aberto da castanha-do-Brasil,
um fruto da Amazônia antes conhecido
por castanha-do-pará.


Feirante descasca manualmente a castanha-do-Brasil,
para dela guardar a preciosa e nutritiva amêndoa.



Anfiteatro da Praia de Ponta Negra, emoldurada pelo Rio Negro e
pela ponte que liga Manaus ao município de Iranduba-AM.
Palco para shows, festa do Revéillon e grandes eventos
na capital amazonense.

Praia da Ponta Negra, nas margens do rio Negro,
opção de lazer para as famílias, e um banho
refrescante de rio para manauaras e visitantes.
A cidade de Manaus ao fundo, vista a partir da Ponte Rio Negro,
com 3 km de extensão entre as duas margens. 
Um homem pesca com sua rede na beira da rodovia, após
ultrapassarmos a Ponte Rio Negro, na saída de Manaus.


Praia da Lua, com banhistas aproveitando a vida no Rio Negro.
Para chegar até lá, seguimos de ônibus até a Marina do Davi, após
a Praia da Ponta Negra, e vamos de lancha até a Praia da Lua.


Poético entardecer na despedida da Praia da Lua, para
seguirmos navegando no Rio Negro para retornar à
Marina do Davi, para pegar um ônibus para o Centro de Manaus.

Um legítimo peixe-boi amazônico, que podemos
ver ao vivo ao visitar o INPA - Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia. A instituição estuda, cataloga
e cuida dos animais antes de devolvê-los à natureza.

Trilha suspensa do INPA, na área de preservação ambiental,
espaço destinado para pesquisadores, e aberto ao público
 para visitas de escolas, projetos de educação ambiental
e os cidadãos manauaras.



Refúgio de vários tipos de macacos no Zoológico do
CIGS - Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus.
Nessa área militar, há vários animais endêmicos da Amazônia
para os turistas conhecerem e apreciarem.

Modelo de Maloca Indígena situada no CCPA - Centro Cultural dos Povos
da Amazônia, na Bola da SUFRAMA, antes da entrada do Distrito
Industrial de Manaus (indústrias que produzem as mercadorias da Zona Franca).
 Nessa maloca, encontram-se artefatos indígenas e a representação do ambiente de moradia
 de uma aldeia, e conhecemos sobre a organização social e política dos
povos indígenas da Amazônia, com os pajés (sacerdotes, conhecedores
da medicina tradicional), os caciques e os tuchauas, chefes políticos das etnias.
Esse tipo de habitação indígena é encontrada no povo Dessana do Alto Solimões,
noroeste do Amazonas, na fronteira do Brasil com o Peru.

Exposição do Bumba-meu-Boi no CCPA, manifestação cultural
típica da região Norte, com influências indígenas e também
do boi maranhense. As toadas amazônicas dessa festa do Boi
são típicas e apresentadas como um carnaval nortista na cidade
de Parintins - AM nos meses de julho e agosto.

Um dos primeiros passeios de um pequeno manauara a bordo
de um barco de passageiros no Rio Solimões, com as suas águas barrentas.


Porto de Careiro da Várzea (AM), município próximo de Manaus,
porém banhado pelo Rio Solimões. Para chegar ao Careiro, pega-se um
ônibus até o CEASA de Manaus, ao final do Distrito Industrial, e
no terminal de passageiros compra-se uma passagem de lancha.
Temos a oportunidade de comer um tradicional peixe com farinha
numa palafita próxima ao porto do Careiro, além de ver na paisagem
o bailado dos botos-cor-de-rosa e dos tucuxis, ambos parentes do golfinho.
Ao fundo, a Arena da Amazônia, estádio de futebol que está sendo
construído em Manaus para ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.
A arquitetura do estádio foi inspirada na estrutura de um balaio indígena.

Textos e Fotos
Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador

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