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Obras da construção do corredor exclusivo para ônibus BRT na Avenida Cristiano Machado, na região nordeste da capital, ligando o Aeroporto de Confins ao Centro de Belo Horizonte. Foto: Marco Leonel Fukuda |
Assim como Fortaleza, Belo Horizonte também será cidade-sede das Copas das Confederações e do Mundo. Conheça a realidade das grandes obras de infraestrutura e de mobilidade urbana que a capital mineira tem preparado para receber esses megaeventos esportivos.
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Dois modelos de ônibus BRT ("sanfonados") em exposição
nas obras do corredor exclusivo da Avenida Cristiano Machado.
Foto: Marco Leonel Fukuda |
Belo Horizonte também se prepara com obras para sediar os jogos da Copa das Confederações este ano e a Copa do Mundo no ano que vem. A Prefeitura de BH e o Governo do Estado de Minas Gerais realizaram intervenções na área da Pampulha, nos arredores do estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão.
A primeira obra realizada foi o complexo de viadutos José Alencar com dois viadutos e um túnel interligando as avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, para dinamizar o tráfego em uma região de interesse turístico na cidade, próxima ao estádio, ao aeroporto regional Carlos Drummond de Andrade e ao campus principal da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O complexo de viadutos cruza uma área escolhida para um dos corredores exclusivos do ônibus de grande capacidade BRT (Bus Rapid Transit) no trecho Antônio Carlos-Pedro I. A obra foi concluída em dezembro de 2011 com um investimento de R$34,5 milhões, da etapa inicial do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), destinado às obras de mobilidade urbana para a Copa de 2014. BH foi a primeira cidade do Brasil a participar do financiamento do PAC-Mobilidade do Ministério das Cidades.
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Obras de corredor de ônibus BRT entre as avenidas Santos Dumont e Paraná,
no Centro de Belo Horizonte, próximo à Rodoviária da cidade.
Foto: Marco Leonel Fukuda |
Em Fortaleza pelo mesmo programa há projetos previstos de R$3,4 bilhões para a implantação da linha leste do Metrô, de corredores BRTs nas avenidas Dedé Brasil, Paulino Rocha, Raul Barbosa e Alberto Craveiro, além do ramal de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Parangaba-Mucuripe.
Em entrevista coletiva de imprensa, o prefeito Márcio Lacerda disse que os erros de execução que geraram a demolição para refazer um trecho da avenida Cristiano Machado, da Linha Verde – conexão do Aeroporto Internacional de Confins ao centro – e a quebra do concreto de partes do corredor da avenida Antônio Carlos, que liga o centro ao estádio Mineirão, irão ser pagos pelas empreiteiras contratadas.
Para a professora Jupira Gomes de Mendonça, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG, o transporte público de Belo Horizonte precisa ainda de muitas melhorias. Para a pesquisadora, a ampliação prevista do metrô provavelmente não será concluída até a Copa de 2014, e, quando for instalado o sistema BRT, a Prefeitura terá de fazer novas adaptações para se adequar às grandes linhas. “O sistema de transporte de BH não atende a malha viária das áreas conurbadas da região metropolitana. Existem tarifas diferenciadas, falta integração de sistema de transbordo com passagem única, terminal, cartão único, por exemplo”, afirma. As diferenças das passagens de ônibus estão nos valores pagos pelos usuários que oscilam entre R$2,80 e R$5,30.
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Entrada Sul do estádio Mineirão com a nova esplanada à esquerda, a cerca e os pavimentos de concreto. Nos dias de jogos comuns, é por onde entra a torcida do Cruzeiro nas partidas com mando de campo. Foto: Marco Leonel Fukuda |
Obras do Mineirão
As obras de reforma do estádio Mineirão custaram R$695 milhões, segundo o Portal de Transparência do Governo Federal, executadas por meio de uma parceria público-privada entre o governo estadual e um consórcio de empreiteiras, da mesma forma como foi feito nas obras de R$545,9 milhões no estádio de Fortaleza. O novo Mineirão foi concluído no dia 21 de dezembro de 2012, sendo o segundo estádio brasileiro a ficar pronto seis dias após o Arena Castelão.
Na reinaguração do estádio no dia 4 de fevereiro de 2013, em um jogo clássico entre Cruzeiro e Atlético Mineiro, o Mineirão teve bares fechados e falta de abastecimento de água nos bebedouros e nos banheiros. Outro problema noticiado na mídia de Minas foi a dificuldade de acesso, de sinalização e a falta de lugares reservados para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida no show de Paul McCartney, realizado três meses depois, no dia 4 de maio. Os dois episódios renderam uma multa do governo estadual de R$1 milhão ao consórcio Minas Arena pelos erros logísticos de operação e uma ação civil pública do Ministério Público do Estado (MPMG) de descumprimento de normas de acessibilidade com o pedido de liminar para suspender os próximos jogos e eventos no estádio. Porém, no último dia 27 de maio, quando visitamos o local, o Mineirão foi entregue oficialmente para ser administrado pela FIFA, sediando exclusivamente partidas e eventos da entidade, com as visitas do público suspensas durante a Copa das Confederações.
De acordo com o publicitário Fidélis Oliveira, membro do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (COPAC-BH), nas reformas iniciadas em 2011 foram retirados feirantes de artesanato e comidas típicas do Mineirinho, ginásio anexo ao estádio. O integrante do COPAC também citou a retirada de ambulantes do Mineirão neste ano, com a proibição da venda do churrasquinho e do tradicional feijão tropeiro. No aspecto ambiental, a construção da esplanada do estádio cortou 800 árvores e os pavimentos de concreto alteraram os aspectos sociais e climáticos do lugar, segundo Fidélis. “A obra privatizou o espaço do Mineirão com grades, esplanada, reduzindo opções de lazer para as famílias nos dias dos jogos de futebol.” disse.
O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB-MG), declarou que serão plantadas 10 mil árvores em vários pontos da cidade como forma de compensação ambiental das obras de reforma do estádio. Sobre a questão do comércio informal no entorno do Mineirão, Lacerda rebateu afirmando que a Prefeitura no momento estuda licitações para transferir os ambulantes para novas áreas de feiras na capital mineira.
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Coletiva de imprensa do III Congresso As Melhores Práticas SIBRT na América
Latina, sediado no Hotel Ouro Minas, em BH, na manhã do dia 6 de junho de 2013.
Foto: Marco Leonel Fukuda |
Vida de Repórter
Fazer reportagem como enviado especial em outra cidade é um privilégio, uma rica experiência para a formação de um jornalista. Primeiro fiz uma pesquisa de dados oficiais, do que a mídia local noticiou sobre o assunto, além de investir em créditos de interurbano de celular e de telefone público para contactar as fontes e marcar entrevistas. Visitei o Mineirão e não consegui ter acesso, pois era no dia 27 de maio, data da entrega oficial do estádio à FIFA. Porém, em 6 de junho, obtive uma credencial para a coletiva de imprensa com o prefeito de Belo Horizonte. Após a sabatina das emissoras de rádio e TV, Márcio Lacerda foi gravar um vídeo institucional no canto da sala e, acompanhando o movimento dele, eu o interpelei para perguntas exclusivas. Com o caderno de anotações e a câmera fotográfica à mão, utilizei as linhas de ônibus da cidade para me deslocar e assim pude registrar as entrevistas e o cenário de obras para a matéria.
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Rosquinha "Mineirão", iguaria da culinária mineira
que homenageia o estádio "Gigante da Pampulha"
Foto: Marco Leonel Fukuda |
Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador