quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Meio Ambiente - Passeio na trilha do Parque Estadual do Rio Cocó







O Parque Estadual do Rio Cocó em Fortaleza (CE) é uma joia preciosa da natureza, uma área de mangue preservada, apesar de ameaçada pela ganância e pela especulação imobiliária nos seus arredores. Em 2010, sofreu um terrível incêndio, de causas ainda misteriosas, mas muito provavelmente o incêndio pode ter começado pela imprudência de quem joga uma ponta de cigarro ainda acesa no chão, ou ainda pode ter sido resultado de um processo de pressão pelo avanço de empreendimentos comerciais e de ocupação desordenada do espaço urbano. A queima criminosa de lixo nas adjacências do parque também pode também ter sido um outro fator para o triste acontecimento do ano passado. Em nome de um falso "progresso", de ideais de ''modernidade", a cidade foi crescendo sem se importar muito com as áreas verdes, assim como aconteceu com o Central Park de Nova Iorque (a ilha de Manhattan era habitada por nativos antes da chegada dos colonizadores ingleses, a Broadway era uma trilha indígena) e com o Parque Municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais, que hoje ocupa 25% do seu tamanho original.

Quem frequenta o parque do Cocó, observa como os arranha-céus e outras edificações estão "espremendo", "cercando" a área preservada. A cidade que cresce sem controle representa o homem que, afastado da sua Mãe Natureza, desmata, realiza atividades predatórias, insustentáveis, polui e diminui a qualidade de vida de todos os seres da biosfera.

O Parque do Cocó é um local agradável, fresco, sombreado, e a temperatura ambiente é controlada pela vegetação densa. Uma área arborizada sempre aberta para a visitação pública, para o lazer e a recreação, para passeios de bicicleta e caminhadas. Quem passeia pela trilha do Cocó esquece que está dentro de Fortaleza, em uma das maiores metrópoles brasileiras. Os carros das avenidas Sebastião de Abreu e Engenheiro Santana Júnior e o seu intenso fluxo de trânsito, onde há duas entradas para a trilha do parque, soam como caudalosos rios, muito mais barulhentos do que as próprias águas do rio Cocó. É como se fôssemos transportados para um interior bucólico, longe da grande cidade por alguns instantes, como que levados para outro lugar, mais silencioso, calmo e tranquilo.

Quando chove, é um espetáculo bonito de se ver.

E este ano de 2011 já começou com boas chuvas, para compensar a falta de chuvas do ano anterior, confirmando as previsões de muitos profetas da chuva de Quixadá, no Sertão Central cearense.

Após a chuva, formam-se lagos intermitentes nas margens da trilha, onde lavadeiras, garças, maçaricos e outras aves dançam um gracioso balé, cantam satisfeitas em seu banho refrescante. Quem observa a cena, delicia-se com a atmosfera amena, com o famoso cheiro de terra molhada, sente pena por ter esquecido a máquina fotográfica em casa, mas contempla esse momento para não apagá-lo da memória.

"Colabore educando outros visitantes" - É uma das placas que estão espalhadas pelo parque, junto com ordens proibindo fogueiras, desaconselhando a saída do visitante da trilha demarcada. Alegria e satisfação sentimos quando levamos pessoas queridas para conhecer o parque, caminhar por ele, ouvir o canto dos pássaros, ver o ágil passo dos caranguejos entrando nas suas tocas, observar os saguis se escondendo nas copas das altas árvores, encher os olhos com todos os tons de verde e respirar ar puro.

Esse conselho da placa se refere a compartilharmos com as pessoas outros olhares sobre a nossa cidade, de trocarmos ideias e experiências sobre lugares que precisam ser mais valorizados pelos fortalezenses. Se forem valorizados por nós em primeiro lugar, poderemos apresentá-los dignamente aos visitantes, aos turistas e não o processo contrário, que torna a cidade um local direcionado prioritariamente para os forasteiros e não para os moradores dela, os habitantes, para quem participa do seu cotidiano.

O Parque do Cocó é um dos pontos mais especiais de Fortaleza, de possível convivência harmoniosa do homem com o meio ambiente. Precisa ser mais visitado pela população local, e, com certeza pelos visitantes. O blog Cultura Ciliar recomenda a trilha do Parque Estadual do Rio Cocó como área de preservação ambiental de mangue, berçário de muitas formas de vida, ecossistema de transição de água doce para água marinha (ecótono), de patrimônio da biodiversidade, corredor ecológico e um ponto de atividades em que convergem o meio ambiente e a cultura.

Marco Leonel Fukuda
Músico e estudante de Jornalismo.


Fotos:
www.blog.opovo.com.br
www.silveiraneto.net
www.coisadecearense.blogspot.com
www.mapadeviagem.com.br

Pesquisa de fotos realizada no Google Imagens

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