domingo, 30 de maio de 2010

Bora! Ceará Autoral Criativo no Passeio Público

O coletivo de artistas do Ceará Autoral Criativo realizou nos dias 23 e 30 de maio de 2010 dois ensaios abertos ao lado do quiosque do Passeio Público de Fortaleza. O local, que, após ser reformado, volta a ser gradualmente frequentado pela classe artística da capital cearense, mostrou ser um lugar agradável e bastante apropriado para o encontro da nova música produzida no Ceará. A brisa leve do final de tarde não deixou de marcar presença, como também a sempre bem-vinda sombra do bicentenário baobá. É mais um espaço público que clama por mais programação cultural acessível, que anseia pela ocupação dos artistas e cidadãos de Fortaleza, cidade que, definitivamente, não se reduz apenas à orla marítima, ao litoral tomado pela especulação imobiliária.

No dia 23, apresentaram-se o grupo 4 de Cada, Aparecida Silvino e Edinho Villas-Boas. E no dia 30, foi a vez do grupo Encontros Casuais, de Joyce Custódio e de Wilton Matos juntamente com o coletivo de percussionistas Ibadã Brasil.

Foram duas apresentações memoráveis e bastante enriquecedoras, que buscam, além de reunir a nova safra de compositores cearenses, resgatar o Passeio Público como lugar de encontro, de efervescência cultural, de divulgação e do compartilhamento da produção contemporânea e independente da música local. Foram duas deliciosas tardes de domingo de muita arte e cultura a alimentar o espírito daqueles que compareceram e presitigiaram a talentosa juventude cearense dividindo o palco, presenteando os ouvidos da gente com música de alta qualidade, a maioria saindo quentinha do forno, integrando um considerável repertório de composições inéditas.

O movimento Bora! Ceará Autoral Criativo é uma das promessas de renovação da música no Ceará. Talvez o nosso Estado esteja passando por um momento de grande atividade artística e cultural como passaram Pernambuco com os movimentos Armorial e Manguebeat, a Bahia com seus múltiplos artistas, Jorge Amado, a família Caymmi, os tropicalistas Caetano, Gil e Tom Zé, Minas Gerais com o Clube da Esquina, entre outros. Da geração do Pessoal do Ceará, de Fagner, Belchior, Fausto Nilo e cia, de apadrinhados artísticos e políticos, percebemos um grande hiato, uma descontinuidade e um certo distanciamento até a geração atual, emergente na cena musical, que não precisa mais migrar para Rio-São Paulo para realizar os seus trabalhos artísticos, e está batalhando por espaços, buscando a articulação, o fortalecimento e a valorização dos artistas. O Ceará confirma a contemporânea tendência de descentralização da produção cultural. Essa música produzida localmente oferece possibilidades de se abrir para maiores voos e diálogos com outras linguagens artísticas, com a produção oriunda de outras regiões brasileiras, comprometida com discussões relevantes de políticas públicas culturais, formação de plateia e circulação de espetáculos.

No próximo dia 3 de junho de 2010, feriado de Corpus Christi, haverá uma outra oportunidade para conferir os trabalhos do Ceará Autoral Criativo, às 19h30 no Mercado dos Pinhões em Fortaleza, entrada franca, pela democratização do acesso à arte e à cultura.

Para mais informações, acesse: www.cearaautoralcriativo.blogspot.com

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Saraus semanais no Café da Livraria Lua Nova

No Café Lua, localizado no 2° andar da Livraria Lua Nova, no bairro Benfica, realiza-se um sarau aberto à comunidade toda quinta-feira, das 18h às 20h. A Confraria Café com Arte, grupo responsável pela organização dos saraus, convida músicos, atores, fotógrafos, dançarinos, artistas e intelectuais em geral para apresentações dos seus trabalhos, performances, exposições, debates sobre temas relevantes, auxiliando na divulgação da produção cultural local em um agradável e aconchegante espaço de encontro em meio aos livros, acompanhados por revigorantes lanches e deliciosos refrescos.

Mais informações na comunidade do orkut da Confraria Café com Arte.

Abril, mês do choro no Dragão do Mar

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura em todos os meses de abril homenageia o choro, ritmo genuinamente brasileiro gerado da fusão da música europeia com a africana. O mês de abril é dedicado ao choro por causa do aniversário de nascimento de Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, que nasceu no dia 23 de abril de 1897. Pixinguinha foi um brilhante compositor brasileiro, cuja obra serviu para sistematizar a música nacional do começo do século XX, assemelhando-se a compositores do porte de Johann Sebastian Bach e de Heitor Villa-Lobos.

Em abril de 2010 se apresentaram no Dragão do Mar grupos de choro como Murmurando, Fulô de Araçá, Regional Chega Chora e o solista Macaúba do Bandolim. Também foi o mês em que o centro cultural comemorou 11 anos de inauguração, no dia 28 de abril, com um concerto especial da Orquestra Filarmônica do Ceará.

Passeio Público, revitalizado, volta a ser frequentado

O Passeio Público de Fortaleza, também conhecido por Praça dos Mártires – líderes revolucionários da Confederação do Equador como Padre Mororó, Tristão Gonçalves, Carapinima, Pessoa Anta, que ali foram executados – é uma joia rara do centro histórico da capital cearense. Recentemente, o local passou por uma intensa reforma, que tentou resgatar a dignidade e o valor patrimonial da praça, antes um lugar bastante frequentado no final do século XIX pelas famílias fortalezenses, posteriormente não muito lembrado pelos governantes até o atual processo de retomada de sua ocupação como espaço público de convivência humana. O Passeio Público é uma das poucas praças de densa arborização, na qual podemos desfrutar de uma bela visão da orla marítima, de um reconfortante ambiente silencioso no coração da cidade, de um espaço arejado e propício para o encontro, para o piquenique, para a contemplação do horizonte no final da tarde.

A Secretaria de Cultura de Fortaleza (SECULTFOR), em parceria com a Associação de Produtores de Disco do Ceará (PRODISC), tem realizado projetos de ocupação do Passeio Público com programações gratuitas de arte e cultura. Os projetos Pôr-do-sol musical às sextas-feiras e Sol Maior – Grandes Solistas Cearenses, na hora do almoço dos sábados conjugando música e feijoada, são exemplos de políticas públicas que têm sido bem-sucedidas ao proporcionar música de boa qualidade e conferir boas oportunidades de trabalho para os artistas da cena local. Aos domingos, ao lado do quiosque, músicos podem fazer ensaios abertos à comunidade, desde que façam o pré-agendamento das datas com a SECULTFOR e levem os seus equipamentos para, como se diz na linguagem corrente, “fazer um som”. Além da programação musical, o Passeio Público também é um espaço adequado para lançamentos de livros, mostras de fotografia, apresentações cênicas, performances, intervenções urbanas e exposições, como o conjunto de animais de miniaturas de plástico flutuando em bóias na fonte ao lado do baobá, que ficará instalada até o final de maio por ocasião do 61º Salão de Abril.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Artes Visuais - 61° Salão de Abril - "Qual o lugar da arte?"

Em Fortaleza, entre os dias 16 de abril a 30 de maio de 2010, ocorre a sexagésima primeira edição do Salão de Abril, a mais tradicional mostra das artes visuais na capital cearense. O evento neste ano volta a ser realizado no mês de abril, como explicitamente sugere o seu título. Em 2009, as inscrições para os trabalhos é que começaram em abril para a exposição que ocorreu de fato nos meses de setembro e outubro.

Em 2010, retoma-se o tema "Qual o lugar da arte?" como ponto de partida e núcleo de organização para os trabalhos temporariamente expostos na Galeria Antônio Bandeira, no Centro de Referência do Professor (Rua Conde D’Eu, 560, antigo Mercado Central, entre a Praça dos Leões e a Catedral Metropolitana), incluindo um circuito expositivo a céu aberto com intervenções artísticas urbanas e performances no Passeio Público e nas ruas Major Facundo e Senador Alencar. As obras, apresentadas das mais variadas maneiras, de suportes tradicionais como pintura, desenho, escultura e fotografia, até instalações, intervenções urbanas, performances, objetos e vídeos, dialogam entre si, para saírem do espaço conservador, elitista, sisudo da galeria de arte e ocuparem as ruas, as praças, os espaços públicos, com olhares poéticos, questionadores acerca do cotidiano, da realização criativa do homem e da sua expressão intelectual. Ao discutirmos o lugar da arte, como propõe o Salão de Abril, devemos refletir sobre quais os papéis exercidos pela atividade artística na contemporaneidade, sobre o atendimento das demandas estéticas da sociedade, o retorno dos impostos pagos pelos cidadãos revertidos em ações culturais abrangentes e eficazes por parte do poder público, as novas percepções sobre o espaço urbano e a presença humana, a interação do coletivo com a cidade, a formação da cultura e o ambiente natural. A exposição surpreende pela rica diversidade dos trabalhos, com propostas bastante criativas como construções a partir de caixas de fósforo, fotografias retratando a radiação solar ao longo de um dia, a projeção de uma cena de sapateado em mini-telas em outras caixas de fósforo penduradas, obras ressaltando aspectos oníricos, dos sonhos, a exploração de múltiplas texturas, abordagens de cores, a utilização de materiais inusitados. A visitação pública é gratuita, de terça-feira a sábado, de 9h às 18h.

A Comissão de Seleção e Curadoria do 61° Salão de Abril foi composta por Suely Rolnik, psicanalista, crítica de arte e cultura, curadora e professora titular da PUC-SP; Jacqueline Medeiros, coordenadora do núcleo de artes visuais do Centro Cultural Banco do Nordeste de Fortaleza (CCBNB-CE) e Ivo Mesquita, diretor da Pinacoteca de São Paulo.

Entre 405 inscritos representantes de 19 estados brasileiros, foram selecionados 30 trabalhos para a mostra de 2010. Para cada selecionado, dentre eles seis artistas cearenses, a SECULTFOR (Secretaria de Cultura de Fortaleza) reservou um prêmio de incentivo à produção no valor de R$ 2,5 mil.

O artista cearense Jared Domício, autor do trabalho "Arquivo de Horizontes - impressão digital" foi premiado com uma Bolsa de Incentivo à Formação de R$10 mil para realizar atividades como treinamentos, residências, capacitações como parte integrante da programação artística.

Os artistas Elciclei Araújo (PA), Íris Helena (PB) e Thiago Primo (RJ) receberam títulos de menção honrosa pelos seus trabalhos no 61° Salão de Abril, que contou ainda com textos de apresentação assinados pela artista plástica Maíra Ortins, coordenadora de artes visuais da SECULTFOR e coordenadora-geral do evento, e Fátima Mesquita, secretária municipal de cultura de Fortaleza.

Para quem ainda não prestigiou o 61° Salão de Abril, a exposição segue até o final desta semana no centro da cidade, com trabalhos representativos da produção brasileira atual de arte contemporânea em suas várias facetas e tendências.

No segundo semestre deste ano, precisamente no mês de setembro, haverá uma exposição especial das seis décadas de realização do Salão de Abril no Centro Cultural Banco do Nordeste em Fortaleza. Essa exposição fará uma preciosa retrospectiva histórica partindo das primeiras edições do Salão de Abril na década de 1940 até o início da segunda década do século XXI.

Para mais informações, acessem: www.salaodeabrilfortaleza.com.br

terça-feira, 18 de maio de 2010

Passeio/Aula de campo no Centro de Fortaleza


Na manhã da segunda-feira 17 de maio de 2010, a turma do 1º semestre de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) teve uma aula de campo interessantíssima no centro da cidade de Fortaleza orientada pelo prof Wellington Jr de Introdução à Comunicação e Semiótica. Segunda-feira tradicionalmente é um dia em que museus e centros culturais em sua maioria estão fechados para manutenção e não funcionam para visitação pública. Apesar disso e da exaustão física de uma manhã inteira caminhando e torrando ao sol, a aula de campo foi uma das mais produtivas do semestre.

A concentração foi às 9h na Praça do Ferreira, em frente ao histórico Cine São Luiz. Em meio ao sol quente, implacável e impiedoso, o prof Wellington mostrou ao seus alunos vários aspectos arquitetônicos curiosos das edificações do centro que, para aqueles que vão ao centro apenas para fazer suas compras, pagar as contas e resolver outras questões cotidianas, passam muitas vezes despercebidas. A Praça do Ferreira é um mosaico de traços arquitetônicos do barroco, do neoclássico, da art nouveau, da art déco, do modernismo e do pós-modernismo. Todos esses estilos de distintos períodos da História ecleticamente mesclados em uma cidade que se urbanizou de forma acelerada, numa pressa insaciável de se tornar uma metrópole cosmopolita, porém ainda mantendo muitos aspectos de provinciana vila. O preço que se pagou por isso foi bastante caro, pois negaram-se a memória da cidade, as características de cidade litorânea e tropical, a organização urbanística do passado em busca de um desenvolvimento a qualquer custo, impulsionado por um ambicioso e precipitado projeto de modernidade, em que a qualidade de vida foi desconsiderada como vetor de padrão civilizatório. É lamentável que a Praça do Ferreira, por exemplo, perdeu o seu coreto para dar lugar a uma coluna da hora enferrujada e com os ponteiros imóveis, as linhas de bondinho, que se tivessem sido mantidas eram mais uma possibilidade para o turismo (vejam o caso de San Francisco, nos EUA), o charmoso Cine Majestic arruinado por um trágico incêndio. Discutiu-se sobre a função social de uma praça, um espaço público apropriado para o encontro e para a circulação das pessoas, além de um local para arejar a cidade.

Fortaleza convive com vários períodos, com a dificuldade e o notável desinteresse de sucessivas administrações governamentais em preservar o patrimônio histórico-cultural. O Centro não possui estilo arquitetônico próprio e observamos muitos casos de degradação das antigas construções. Não há continuidade entre os edifícios tombados, o que dificulta sobremaneira as atividades turísticas naquela região. Por detrás dos letreiros e dos balcões de propagandas, uma cidade antiga se esconde, envergonhada, oprimida pela expansão comercial desenfreada e obsessão de modernização da cidade nova, como se Fortaleza tivesse várias camadas e o nosso olhar não estivesse desautomatizado para escavar e revelar a nossa cidade de outros tempos. Os estudantes ficaram maravilhados ao passar pelas ruas apinhadas de gente e de ambulantes e perceber os resquícios de épocas passadas nas construções, nas fachadas muitas vezes ocultas pelos "outdoors".

Descendo a rua Guilherme Rocha, chegamos à Praça José de Alencar, que homenageia o célebre escritor cearense, um dos fundadores da literatura brasileira. Nessa praça, que também teve dias de glória, destacam-se o centenário Theatro José de Alencar em toda a sua opulência, com estrutura de ferro vinda de navio da Escócia e aqui montada, o jardim lateral de projeto assinado pelo arquiteto e paisagista brasileiro Roberto Burle Marx, do Cena TJA, espaço anexo para residências artísticas e espetáculos de públicos menores, o prédio do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) - antiga Escola de Odontologia, o Hotel Lord, prédio tombado que pode desabar com as obras do Metrofor, a Igreja do Patrocínio e o antigo Beco da Poeira, uma rede de comércio popular que desordenamente foi instalada ali, que descaracterizou de fato aquele espaço tão rico em cultura.

Seguimos nosso trajeto pela rua General Sampaio até a Praça da Estação, onde muitas linhas de ônibus da capital cearense se encontram. Entramos na Estação João Felipe, que, apesar de estar muito próxima ao mar, tem suas portas voltadas para o lado do sertão, pelo fato de Fortaleza ter sido primeiramente ocupada por vaqueiros oriundos do interior, que foram migrando com as suas criações de gado seguindo as margens dos rios. Isso acabou por refletir em muitos outros aspectos da cultura cearense, como a culinária típica local, que tem as carnes de bovinos e caprinos entre os seus pratos predominantes.

Após o hospital da Santa Casa de Misericórdia, ainda na rua Dr. João Moreira, chegamos à Emcetur, a antiga Cadeia Pública. A maioria dos turistas se satisfaz no térreo, vendo lindas manufaturas artesanais de renda, trabalhos manuais e camisetas temáticas do turismo local, ou ainda se tiver sorte, de presenciar ao vivo uma rendeira trabalhando no seu tradicional ofício pelos corredores. Porém no segundo andar do bloco central da Emcetur há uma belíssima exposição de artes visuais, uma espécie de tesouro escondido. Várias esculturas de madeira, artefatos de cerâmica, um exemplar de uma jangada, um carro de boi e um tear manual. Artistas cearenses como Zé Pinto com as esculturas de metais reciclados, o mamulengeiro (construtor de fantoches para teatro de bonecos) Pedro Boca Rica, Noza, entre outros têm os seus trabalhos expostos, que gratuitamente podem ser visitados pelo público.

Continuamos até o Passeio Público, ou Praça dos Mártires, onde foram executados os líderes cearenses da Confederação do Equador como Padre Mororó, Carapinima, Pessoa Anta, etc. Paramos para um breve descanso à sombra das árvores, em especial um legítimo baobá africano bicentenário, testemunha perene das transformações pelas quais a cidade tem passado. Passamos ainda pelo forte da 10ª região militar, construído no século XVII pelos holandeses, pelo Mercado Central e pela Catedral, em estilo neogótico, que levou meio século para ser concluída.

Seguimos até a Praça dos Leões, onde há uma estátua em homenagem à escritora cearense Rachel de Queiroz, a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras (ABL) e que, se estivesse viva, completaria 100 anos em 2010. Visitamos o interior da Igreja do Rosário, construída por escravos para ser frequentado por eles e o primeiro templo religioso erguido em Fortaleza, e o Palácio da Luz, que abriga a sede da Academia Cearense de Letras, com um rico acervo literário e pictórico, que felizmente pôde receber a visita dos alunos de Jornalismo. Quadros de grandes artistas plásticos cearenses como Raymundo Cela e Aldemir Martins estão no auditório da Academia, que demonstra não ser o lugar mais apropriado para proteger essas obras de tão grande valor artístico de fatores prejudiciais como o calor, a umidade, o mofo. Mais uma vez, notamos a necessidade de maior cuidado com o patrimônio público, o que faz absolutamente muito sentido ao se falar da Academia Cearense de Letras, que abriga e tem abrigado sucessivas gerações de políticos e de gente influente, que viraram nome de ruas da cidade inclusive, indivíduos que nem sempre são convocados à essa agremiação literária pela qualidade artística dos seus escritos, pela sua contribuição à literatura e à língua portuguesa, mas por se destacaram na estrutura de poder e de dominação da sociedade.

Ávidos em procurar trilhas para caminhar na sombra, os alunos regressaram à Praça do Ferreira, o ponto de partida da aula de campo, surpreendidos por terem tido a oportunidade de conhecer Fortaleza por outros ângulos, com outro olhar que não o condicionado pela maioria dos guias turísticos que hipnotizam nossos visitantes, levando-os a lugares mais óbvios como as praias, as zonas nobres da cidade, os "shoppings", direcionando-os ao consumo em estabelecimentos dos quais retiram a sua comissão, a levarem para casa mais "souvenirs" do que recordações.

Para encerrar essa aventura matinal dos estudantes-pedestres, que compreendou o circuito Praça do Ferreira-Praça José de Alencar-Praça da Estação-Emcetur-Passeio Público-Catedral Metropolitana de Fortaleza-Praça dos Leões-Praça do Ferreira, os estudantes brindaram o passeio degustando pastel com caldo-de-cana da tradicional lanchonete Leão do Sul, iguarias apreciadas há gerações de fortalezenses. Depois da suas andanças e de uma intensa manhã de atividades, a turma dos estudantes de Jornalismo se encaminhou para a universidade, a fim de assistir aula no período da tarde.

Marco Leonel Fukuda
Músico e estudante de Jornalismo

Foto: Tamara Lopes
Turma de Comunicação/Jornalismo UFC
Professor Wellington Jr - Introdução à Comunicação - 1° semestre - 2010.1

O blog Cultura Ciliar agradece a colaboração de Tamara Lopes e Catherine Santos pelo apoio na cobertura fotográfica dessa matéria.

domingo, 16 de maio de 2010

Música - Grupo Vocal DizBocados

O Grupo Vocal DizBocados apresentou nos dias 9 e 16 de maio de 2010, pelo projeto Domingo Musical, o recital "Beatlelados" no Auditório do Espaço Mix do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura em Fortaleza. O ingresso (R$ 1 a meia-entrada) seguiu a política de democratização do acesso à cultura. A casa esteve cheia nos dois dias da temporada, mesmo na primeira sessão, feita no dia das Mães.

O quinteto vocal misto, composto pelas sopranos Ana Oliveira e Lenina Silva, pelo contratenor Tom Junior, pelo tenor Davi Silvino e pelo barítono João Victor Barroso, levou ao público nessas duas récitas música da mais alta qualidade, um presente aos ouvidos, um alimento para a alma. O grupo, formado em janeiro de 2008 por estudantes dos cursos de Música da UFC e da UECE, tem se destacado na cena musical de Fortaleza por arranjos vocais ousados e experimentais de um dos grupos mais importantes da música do século XX, os Beatles, o quarteto de talentosos músicos de Liverpool-Inglaterra que tantas gerações têm influenciado.

Para quem não conhece o trabalho do grupo DizBocados, pouco se surpreenderia ao descobrir que fazem um projeto com a música dos Beatles. Tantos outros já tentaram, e a maioria tem estancado numa tentativa frustrada de mais um "cover" de banda, de imitação macaqueada. Já o grupo DizBocados, possuidor de vários diferenciais, surpreende a plateia com as suas belas vozes, precisa técnica vocal, dinâmica afinada de grupo no palco, arranjos caprichados, nos quais podemos perceber a exploração de inúmeras possibilidades de timbres e de ritmos variados utilizando percussão corporal. Podemos ainda ouvir sons de instrumentos musicais imitados com voz humana como trompete, violino, bateria, percussão, baixo, solos de guitarra elétrica distorcida. Não se escondem atrás de instrumentos e de ginásticas musicais, do virtuosismo demagógico de técnica arrogante, exibicionista, isolada e descontextualizada. Os cinco cantores no palco interagem bastante com o público, munidos apenas de microfones e nada mais. Não precisam se vestir de paletó e gravata preta, nem colocar brilhantina e partir os cabelos ao meio. Tampouco nos distraímos com figurinos esvoaçantes e cenários mirabolantes. O que impressiona é a força da música feita na essência, a mesma que penetra na alma sem pedir licença. Conseguem uma façanha e tanto passando para nós o lirismo, a inspiração e o espírito jovial dos Beatles, que até hoje conquistam fãs nos quatro cantos do planeta, mesmo com quarenta anos do encerramento de suas atividades.

Como diz Lenina Silva, soprano e uma das arranjadoras do grupo, são todos "Beatlelados, bitolados por Beatles e por canto", e conseguem passar essa paixão, esse amor nos sons que elaboram com carinho e entregam primorosamente aos nossos ouvidos. O grupo DizBocados fez nesta temporada apenas uma prévia do show "Beatlelados", que será apresentada no final de 2010. O blog Cultura Ciliar está aguardando essa novidade e já está de prontidão para fazer a próxima cobertura e trazer mais uma apreciação crítica de arte para os seus leitores-internautas.

sábado, 8 de maio de 2010

Sarau Único Verso: Universo de Poesia e Música

O blog Cultura Ciliar convida a todos para o sarau Único Verso: universo de poesia e música, idealizado pelo músico, cantor, regente do Coral Asas, do Grupo Vocal Vitrola Nova e escritor Carlos do Vale Filho. Joyce Custódio e Plínio Renan fazem a leitura dramática de textos escritos por Carlos Filho, publicados periodicamente no blog Olhai Além (www.olhaialem.blogspot.com). Marco Leonel Fukuda acompanha ao violão, juntamente com as cantoras Lia Freitas e Jane Oliveira completando o quadro de artistas convidados. Único Verso: universo de poesia e música une um repertório seleto do cancioneiro da MPB à produção da nova safra da literatura cearense e será apresentado em temporada aos domingos do mês de maio de 2010 (dias 9, 16, 23 e 30), às 16h, no foyer do Centenário Theatro José de Alencar, no Centro de Fortaleza, entrada franca. Não percam! Divulguemos a programação cultural acessível da nossa cidade.



Serviço:

Sarau Único Verso: Universo de Poesia e Música
- Carlos do Vale Filho
Leitura dramática: Joyce Custódio e Plínio Renan
Violão: Marco Leonel Fukuda
Cantoras convidadas: Lia Freitas e Jane Oliveira
Dias 9, 16, 23 e 30 de maio de 2010
16h
Foyer do Theatro José de Alencar
Entrada franca