O Blog Cultura Ciliar agora traz com exclusividade o poema "Picolé de tapioca" do poeta cearense Honório Jaguaribe, inspirado em obra musical homônima do compositor Marco Leonel Fukuda.
Picolé de tapioca
"Caminhando entre as pessoas numa hora de castigar,
É a barra do meio dia, quase agonia
De tanto andar, resolvendo problemas de grande valor
Nesta hora me lembro do gosto refrescante.
Paro um instante: Picolé de tapioca
gosto no céu da boca a espantar esse calor,
feito este chorinho que me toca,
Prazer que não se troca.
Assim digo pra você meu amor:
Picolé de tapioca...
Feito este chorinho que me toca,
Contentamento neste início de tarde.
Vou voando nesse breve pensamento, até que o picolé acabe.
Seu olhar diz pra mim, que você sabe.
Todo detalhe de uma palavra está na simplicidade dos atos,
tocando acordes e harmonia nas cordas do meu violão,
É de coração.
Doce picolé de tapioca...
feito este chorinho que me toca,
prazer que não se troca.
Vai a hora correndo assim como os apressados fatos,
eu me perdendo na doçura.
De uma música com tua formosura,
mas é algo simples do aqui e agora
bem o picolé de tapioca acabou, vou-me embora."
Honório Jaguaribe
Fortaleza, 29 de junho de 2010.
O blog Cultura Ciliar pediu devidamente a autorização do autor deste texto para publicá-lo na íntegra.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Música - Edinho Vilas Boas vence a seletiva de Fortaleza do Canta Ceará
Na noite do último sábado, dia 7 de agosto de 2010, aconteceu na Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura a etapa seletiva de Fortaleza do Festival Canta Ceará, realização do Instituto Solaris com patrocínio da Coca-Cola. Entre 500 inscritos, foram selecionadas sete bandas, que teriam, cada uma, 12 minutos para montar o seu equipamento, afinar os seus instrumentos e realizar a sua apresentação. As bandas apresentaram trabalhos de muitos gêneros musicais como sambarock, MPB, rap, pop rock de garagem. Além de premiação em dinheiro, os concorrentes disputaram vagas no festival Ceará Music e espaços na programação das rádios Cidade, Atlântico Sul e Jovem Pan.
O mestre de cerimônias foi o repórter Daniel Viana, da emissora Verdes Mares, que teceu uma série de comentários desnecessários, fazendo inúmeras perguntas impertinentes, para tentar entreter a multidão que pacientemente esperava pelas apresentações, além de escolher aleatoriamente pessoas na plateia para dar uma "canja" a capela enquanto os músicos se preparavam para tocar.
Com a música autoral "De maré em maré" (Edinho Vilas Boas/Jefferson Portela) e um ousado e psicodélico arranjo de "Pagode Russo" de Luiz Gonzaga, Edinho Vilas Boas e sua banda merecidamente venceram essa primeira fase do festival. A plateia rapidamente aprendeu o refrão "Vou de maré em maré / pra saber como é / e, se a canoa virar / me atrevo a nadar" e vibrou com entusiasmo ao final das duas músicas apresentadas. De fato, Edinho Vilas Boas e banda demonstraram maior qualidade musical, entrosamento e dinâmica de grupo, um som vivo e consistente, o que levou muitos a torcer e aos jurados coube apenas confirmar a vitória de Edinho, acompanhado pelo contrabaixista Carlos Hardy e pelo percussionista Jefferson Portela, todos eles músicos integrantes do movimento Bora! Ceará Autoral Criativo.
O festival Canta Ceará ainda vai circular com seletivas por outras cidades do interior cearense como Crato, Limoeiro do Norte, Quixadá, Tauá, Sobral e Itapipoca antes de regressar para a grande final do evento em Fortaleza no dia 25 de setembro, também na Praça Verde, com um finalista de cada cidade.
Após as apresentações das bandas da seletiva, Ana Cañas foi a cantora convidada para encerrar os shows da noite. Apesar de ter sido acompanhada por excelentes músicos, o som estava alto demais e não dava para identificar claramente se ela cantava em inglês ou português. A grande expectativa em torno do trabalho dela, de uma MPB mesclada com soul e blues, muito elogiado por músicos do quilate de Nando Reis, não se confirmou nessa ocasião no palco da Praça Verde, ainda que Cañas fosse a atração principal da noite de sábado. Talvez ela não estivesse em um bom dia, o que todos os artistas estão suscetíveis a vivenciar.
Festival Canta Ceará 2010 - para saber mais:
www.cantaceara.com.br
Pare para ouvir - Lucas Benedecti - www.pareparaouvir.blogspot.com
Movimento Bora! Ceará Autoral Criativo - www.cearaautoralcriativo.blogspot.com
Artes Visuais - Vik Muniz
Terminou ontem, domingo dia 8 de agosto, no Espaço Cultural da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), a exposição do artista brasileiro Vik Muniz. A exposição, que iniciou-se no dia 16 de abril, atraiu muita gente no seu último dia de exibição, por causa desse velho hábito do brasileiro de deixar muitas coisas para a última hora. A expressão nos semblantes dos visitantes era de satisfação, de alegria pela oportunidade de ver um trabalho de amplo reconhecimento e de alto valor estético e artístico democratizado e acessível na capital cearense.
Surpreenderam-me a criatividade e a ousadia de Vik Muniz, que consegue mesclar elementos de arte efêmera e impressionismo nas suas obras de arte contemporânea. Fez obras com materiais curiosos como chocolate, açúcar, areia, arame, sucata, até soldadinhos de plástico, que após construí-las, tinham de, com estupenda agilidade, ser fotografadas antes que desmanchassem. Baseou-se em grandes pintores como Monet, mas, ao invés de se valer de borrões de tinta para alcançar efeitos vistos à distância pelo espectador dos quadros, Vik lançou mão de recortes de revistas, até para elaborar um auto-retrato.
Obras de pintores renascentistas como Rafael Sânzio e Bosch eram rearranjadas com múltiplas combinações de quebra-cabeças, uma assustadora medusa feita de macarrão e molho de tomate, Mona Lisa de Leonardo da Vinci foi desenhada num prato com geléia e doce de leite, belas paisagens de linhas de costura emaranhadas, grandes depósitos de sucata e resíduos recicláveis fotografados de cima revelavam belas imagens e construções visuais, semelhante à abertura da atual novela das oito na rede Globo, "Passione". Valiosas e apropriadas reflexões surgem ao olhar o trabalho de Vik Muniz, que questiona a fragmentação na vida contemporânea, a versátil utilizaçãos dos mais variados materiais, com a ressignificação do cotidiano. Foi uma exposição memorável no Espaço Cultural da Unifor, como também foram as exposições anteriores do Rembrandt, do Antônio Bandeira, da vida e da obra do Visconde de Mauá, e mais uma cobertura de evento artístico realizada pelo blog Cultura Ciliar.
Para saber mais:
http://www.unifor.br/joomla/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=227&Itemid=1175
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